Ponto de Paz

13-01-2011 22:23

Tenho certeza que ão foi má ideia colocar minha namorada como Blogueira. E a que eu mais gostei de todas por Camilla Souza.

 

Eu sei que faz muito tempo, mas as lembranças ainda me vêm à mente me fazendo lembrar de momentos engraçados que passei ao lado dela. Ela não era a minha companheira certa, mas mesmo assim me fazia feliz; eu sentia que ao lado dela, meu bom humor voltava e os meus problemas desapareciam como por encanto.

    Conheci a Isabela quando fazia faculdade de engenharia; ela fazia o curso de jornalismo, e eu sempre me batia com ela nos intervalos das aulas; ela carregava um caderno de notas sempre, com uma caneta de plumas na espiral, tinha uma feição de intelectual e vinha na minha direção, com um sorriso espalhafatoso perguntou-me se podia fazer uma pequena entrevista comigo, eu não neguei seu pedido, fez-me então 10 perguntas sobre a faculdade agradeceu e saiu sem mais palavras.

     Depois daquele dia, eu esperava os intervalos para vê-la, ela parecia perceber meu interesse, e sempre deixava algo cair quando passava por mim, talvez para repetir aquele momento romântico de um olhar na cara do outro enquanto recolhem os “trecos”. Confesso que ficava encantado com suas atitudes, jamais conheci alguém como ela, tão espontânea e tão maluca, e tinha um sorriso que virava a minha cabeça; era também muito bela, cabelos longos, não era alta, mas sempre estava de salto, sorrindo sempre; ela foi feita para ser jornalista.

      Depois de um mês, resolvi chamá-la para passear no campus da universidade, ela aceitou, mas alegou que não era um programa legal; meio desconcertado prometi que da próxima vez, eu a convidaria para jantar, respondeu-me com um sorriso, parecia satisfeita com a minha atitude. Passávamos por uma alameda quando um rapaz de dezessete anos vinha em uma bicicleta e nos atropelou; Isabela caiu rindo, risada alta e larga, a qual chamou a atenção de todas as pessoas próximas do local, mas eu fiquei vermelho de vergonha, mas não sei se da queda ou da risada dela.

      Em uma noite de sábado, fomos jantar, ela estava usando um coque, um vestido curto e um colete, e o eterno salto alto; engraçado, ela nunca estava com o mesmo sapato, levava meses para repetir um. Depois do jantar, fomos dar uma volta na orla, eu ficava abismado com a facilidade que ela tinha para andar pelo passeio um tanto esburacado, falando sempre sem nunca se cansar; eu achava ótimo, sua voz era como música e era muito culta, sempre dizia coisas importantes. De repente enquanto passávamos por um banco, ela me fez sentar, sentou-se no meu colo e me beijou, e depois do longo beijo ela me disse: “Esse momento, eu nunca publicarei.”.  Eu nunca entendi o sentido daquelas palavras, só sei que nos dias que se seguiram eu não mais a chamei para sair, e ela por sua vez não mais derrubava trecos na minha frente, fomos nos distanciando naturalmente, como se soubéssemos que não daríamos certo.

      Depois fui percebendo que na verdade o que nós criamos foi um ponto de paz, aquele momento com ela me deu a sensação de estar livre dos meus problemas, e sempre que estávamos com problemas procurávamos uns aos outros, não precisávamos convidar para sair, ou derrubar coisas, simplesmente sentíamos; ela me distraia com seu bom humor e eu a distraia com meu desconcerto.

      Nós dois nos casamos, não um com o outro, mas com outras pessoas, e continuamos nos encontrando, não nos sentíamos culpados, no fundo sabíamos que só estávamos visitando nosso ponto de paz.

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