Estranho mundo novo

21-01-2011 21:29

 Ooi gente, aqui é Camilla Souza, e logo abaixo uma história que em nada se parece com a minha realidade, Murilo Lobo ultimamente não está tendo tempo para escrever novas histórias, então fiquem com mais uma minha... Boa leitura!

 

 

 

                         Estranho mundo novo

 

 

    Fui criada em uma família altamente tradicional, que não aceita nenhum tipo de inovação na maneira de como criar os filhos. No auge dos meus dezesseis anos, nunca saí com amigas, nem usei shorts, camisetas, nem nada que indicasse adolescência, tanto que nem mesmo as temidas espinhas, resultado da alimentação livre visitaram meu rosto; isso porque havia uma intensa vigilância em tudo o que fazíamos. Foi então que recebi uma notícia, e me senti estranhamente aliviada.

    Meus pais me informaram com rigidez que eu iria para um colégio interno e que dormiria com mais quatro meninas em um quarto amplo com suíte e computadores; senti-me então livre dos meus pais, mas presa às suas ordens que eram dadas por meio dos superintendentes do colégio.

    Uma semana depois, já estava arrumando minhas coisas no meu novo quarto, mas ainda não tinha visto nenhuma colega de quarto; mal acabei de pensar, e uma das minhas colegas entrou: usava shorts curtos e uma blusa meio surrada, maquiagem forte, cheia de pulseiras nos braços, era filha de um empresário riquíssimo e viúvo, que achou melhor interná-la, e ao ver da filha foi uma decisão perfeita.

     Em pouco tempo fui me amigando às outras meninas, todas elas eram o que eu queria ser, usavam as coisas que eu queria usar, e tinham experiências de vida que eu nunca pensei que existissem; fui aprendendo truques de maquiagem, deixei minhas unhas crescerem, falei de garotos, comi barras de chocolate, enfim, fiz tudo que uma adolescente normal faz: vive.

      Com minhas novas amigas fui descobrindo que os limites não importam desde que sigam seus princípios, e em meus princípios, nada constava que eu devia viver presa a regras de família inúteis, que não me faziam nem um pouco feliz, eu fui descobrindo aos poucos o que era viver, pular o muro do colégio e comer uma pizza cidade á fora, meus pais nunca descobriram o que eu fazia, e creio que cairiam de susto se um dia soubessem.

       Completei dezessete anos no colégio, e apesar de viver uma vida reclusa mas sem limites, eu não deixei de estudar e nem deixei de lado meus sonhos profissionais; mas quando abandonava a sala, a garota estudiosa dava lugar à uma garota impossível, que sempre que queria, pulava as grades da sua prisão junto com suas amigas inseparáveis e iguaiszinhas a ela, que tinham sonhos e os realizavam sempre que podiam.

        Vinte anos se passaram, casei, tive uma filha aos vinte anos e hoje me sinto mais do que realizada, vivi tudo o que eu queria, meus pais não viveram o suficiente para ver tudo o que consegui depois do colegial: uma família feliz, nenhum pouco tradicional e unida. Penso sempre sozinha: descobri um mundo que nunca pensei em minha adolescência que conheceria, um mundo no qual nada é impossível e nem improvável, sem regras nem restrições, ao qual os antigos denominam de estranho mundo novo.

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