Amor & Ódio - Capitulo 1 Parte 2 [Re-Post]

02-02-2011 16:43

Re-postando! Boa Leitura

- Will logo, logo se forma. Fred já vai entrar no terceiro semestre. Você agora no primeiro. E eu ficando para trás. - resmungou, fazendo bico, enquanto se sentava ao meu lado.
- Ano que vem é a sua vez. Relaxe.
- É, tem razão. - concordou, dando um grande suspiro.
- Pensei... que tivessem se mudado. - comentei hesitante.
- Sim, nos mudamos. Mas vamos passar as férias aqui, como você. - respondeu Megan animada. - Não é ótimo?
Por aquilo, eu não esperava. Já era muito ter que ver Fred depois de tudo. E ainda ter que suportá-lo por dois meses? Eu não aguentaria.
- É! - menti, forçando um sorriso. - Você...?
- Fred, Will e eu.
- Will... - murmurei, percebendo sua ausência. - Cadê ele?
- Ele está na praia. - sussurrou Megan, sorrindo maliciosamente. - Com a namorada.
- Uau! - exclamei estupefata. - Will está namorando?
- Está. - respondeu Megan. - Parece que o amor finalmente o pegou de jeito.
- Amor? - indaguei incrédula. - Pensei que o amor não existisse para os garotos Johnson.
Fred deu uma gargalhada alta, fazendo-me lançar-lhe um olhar indiferente.
- Vocês dois... - murmurou Megan, revirando os olhos.
- Acho melhor eu ir arrumar minhas malas. - falei, me levantando.
- Quer ajuda? - ofereceu-se Megan.
- Obrigada, Meg. - agradeci. - Mas posso me virar sozinha.
- Separe uma roupa bem legal, para sairmos mais tarde. - ouvi ela dizer, enquanto eu saía da cozinha.
Peguei minhas duas malas na sala e as carreguei até o quarto onde eu costumava ficar quando passava as férias na casa da minha avó.
Joguei-as em cima da cama e virei-me para porta, pronta para fechá-la. Mas a imagem de Fred encostado no batente da porta com um sorriso torto nos lábios, me fez paralisar.
- Foi só ouvir que havíamos nos mudado que resolveu aparecer por aqui, Missie?
- Não viaja, Fred. - sibilei, imaginando onde ele queria chegar.
Ele entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. Veio de encontro a mim, ficando a milímetros de distância.
- Fred, o que você pensa que está fazendo? - indaguei, virando-me e voltando minha atenção para as malas. - Saia agora mesmo do meu quarto!
- Isso tudo é por causa daquela noite?
Ele sentou na cama, entre minhas malas, forçando-me a encará-lo.
- Não toque nesse assunto. - sibilei, sentindo a raiva borbulhar em meu corpo.
- Por quê? Isso te deixa irritada? - perguntou com as sobrancelhas arqueadas.
- Extremamente.
- Bem, - ele pareceu refleti por alguns segundos. - pelos seus gemidos, não pareceu nem um pouco irritante.
Ele deu um sorriso sacana. Eu trinquei meu maxilar, sentindo meu rosto em brasa.
- Eu fiquei me perguntando o que deu em você para ir embora na manhã seguinte. - comentou, enquanto se curvava na cama, apoiando-se em seus cotovelos. - Quando eu acordei, você havia ido embora.
- Eu tive uma emergência... mas isso não é da sua conta. - retruquei mal-humorada.
- Uma amiga precisando de apoio? - disse sarcástico. - Pura mentira.
- Sai daqui, Fred! - ordenei, sem paciência.
Ele ficou estático, me encarando com olhos analíticos. Eu continuei arrumando minhas malas, irritada em estar na sua presença. Tudo em Fred me irritava. Ele era naturalmente irritante. Tanto de boca aberta, quanto fechada.
- Você não tem o que fazer? - perguntei, cansada de tudo aquilo. - Vá atrás dos seus amigos. Ou daquelazinha que não saía do seu pé. - ele arqueou a sobrancelha, sem mudar sua expressão analítica. - Cloe, era esse o nome dela, não? - ele permaneceu em silêncio. - Vá atrás daquela vadia e me deixe em paz!
- Não fale assim de Cloe. - ele gargalhou, fazendo eu sentir vontade de socá-lo. - Eu aprendi muitas coisas com ela.
- Ew! Não quero nem imaginar que coisas foram essas. - retruquei, fazendo careta de nojo.
- Nem precisa. Eu já te mostrei. - disse malicioso.
- Você é um asqueroso. - afirmei enojada.
- Eu sei que você me ama, Missie.
Ele levantou em pulo, vindo ao meu encontro. Segurou em minha cintura, me puxando para mais próximo de seu corpo. Eu estremeci, sentindo repulsa por seu toque em minha pele desprotegida pela blusa de algodão que subira um pouco por conta do seu ato.
- Me solta, Fred! - sibilei, tentando me afastar de seu corpo. - Eu vou gritar, se você não me soltar agora!
- Você não me escapa, Missie.
Ele deu aquele sorriso irritante e me soltou, saindo do quarto em seguida.
Idiota! Como uma pessoa podia ser tão insuportável? Soltei o ar pela boca, com raiva, e voltei minha atenção para as malas. Ao terminar de arrumá-la, fui tomar um banho. Enquanto a água quente escorria por minha pele, eu refletia como mal as férias haviam começado, e eu já queria voltar correndo para Carson City.
Reencontrar Fred Johnson era a treva. Ou algo bem pior que isso. Ainda mais ter que aturá-lo por dois longos e torturantes meses. Mas eu não deixaria aquele garoto estragar minhas férias, não mesmo. Eu aproveitaria cada minuto. Cada segundo!
- Missie, anda logo. - berrou Megan, batendo na porta do meu quarto.
- Já estou pronta, Meg. - disse, abrindo a porta.
- Onde você vai assim? - ela apontou para minha roupa, lançando um olhar de desaprovação.
- Assim como?
Olhei para para minha roupa. Uma calça skinny, uma blusa preta não muito colada, e para finalizar, um all star preto em meus pés. Para mim, estava perfeito.
- Você está estilosa. - admitiu Megan. - Típica garota rockstar. Devo admitir que seu estilo melhorou muito desde seus 15 anos. Mas estamos em San Franciso, Missie. Vista uma saia ou um short, você não está no inverno.
- Está ótimo, Megan. - revirei os olhos, caminhando pelo corredor. - Não gosto de mostrar minhas pernas.
- Como não? - indagou Megan incrédula. - Suas pernas são...
- Finas e nada torneadas. - completei, descendo a escada. - Ah, e brancas como a neve.
- As minhas também. - disse Megan, apontando para as próprias pernas. - Acho lindo assim.
- As suas pelo menos são torneadas.
Ela revirou os olhos e me puxou, indo em direção à garagem. Parou em frente a um Civic prata de vidros fumês e abriu a porta do passageiro da frente.
- Ah, não! - exclamei, ao ver Fred sentado no banco do motorista. - O que ele faz aqui?
- Esse é o meu carro, Missie. Caso não saiba.
- Ótimo. - retruquei, dando meia volta. - Onde é o lugar onde vamos? Eu pego um taxi.
- Não, não. - Megan segurou em minha cintura, e me arrastou até o carro. - Vocês podem fingir que se adoram por uma noite?
- Não! - respondi, cruzando os braços em frente ao peito.
- Finja que não existo e já ficarei satisfeito. - sibilou Fred, antes de dar partida no carro.
Megan foi tagarelando durante todo o caminho, fazendo vários planos para nossas férias. Eu permaneci em silêncio e emburrada, no banco de trás, tentando não sentir o cheio insuportável do perfume do Fred impregnado no carro.
- Chegamos? - perguntei, quando finalmente o carro parou em frente à uma grande casa.
- Não, ainda não. - respondeu Megan, antes de pular para fora do carro.
Ela tocou a campainha e logo depois um loiro apareceu. Ela envolveu seus braços pequenos em volta do pescoço dele, ficando na ponta do pé e o beijou apaixonadamente.
Virei meu rosto para dar-lhes privacidade – embora eles não estivessem ligando para isso -, e deparei com Fred me fitando.
- O que foi? - indaguei irritada.
Ele bufou, revirando os olhos e voltou a olhar para frente. Além de irritante, prepotente, idiota e outros adjetivos nada legais, aquele garoto era estranho.
- Gente, - Megan aproximou-se do carro e encostou na janela. - eu vou no carro do David. A gente se vê na festa.
- Que?!
- Nós vamos logo atrás. - disse Megan.
- Eu vou com vocês, sem problemas. - falei, pronta para sair do carro.
- Super vela. - murmurou Fred, rindo.
- Cala a boca, idiota! - sibilei. Megan me olhou com cara de súplica. - Ok! Nos vemos na festa.
- Te amo, Missizinha. Até daqui a pouco, amores. - ela soprou beijos para Fred e para mim, e saiu saltitante atrás do tal David.
- Para frente.
- O que? - perguntei confusa.
- Você acha que eu vou ficar andando com você aí atrás, como se eu fosse seu chofer?
- Por mim, não tem problema. - sorri cínica.
- Para frente, Missie.
Bufei e pulei para o banco da frente, contra a minha vontade.
- Se sujou o estofado, vai limpar. - ralhou Fred.
Eu ri sem humor, fazendo-o me lançar um olhar furioso. Ligou o carro e saiu arrancando com ele.
Aqueles trinta minutos que levou para chegar no lugar onde haveria a tal festa que Megan falara, mais os cinco minutos que durou para Fred arranjar um lugar para estacionar o carro, pareceu uma eternidade. Quando finalmente eu coloquei os pés para fora do carro, me senti aliviada.
- O que é isto? - perguntei, olhando ao meu redor.
- Festa, Missie. Missie, festa.
- Idiota.
Nós estávamos andando em direção à praia, onde parecia estar havendo um super lual. Várias luzes coloridas enfeitavam o local, junto com uma fogueira no centro. Uma música agitava o ambiente, enquanto algumas pessoas dançavam de um lado, outras bebiam do outro...
- Que festão, huh? - comentou Megan, chegando ao meu lado.
- Super. - murmurei irônica.
- Animação, Mis.
- Yupi! - fingi estar animada.
- Missie, esse é David. - apresentou Megan, apontando para o loiro ao seu lado. - David, essa é Missie, minha prima.
- Prazer, Missie. - disse David, dando-me um beijo no rosto.
- Igualmente.
- Achei o Will. - gritou Fred por conta do som alto.
Nós viramos para olhar na mesma direção que ele olhava. Realmente, era Will. Exatamente do mesmo jeito que eu o vi da última vez. Alto, forte, cabelo escuro. Megan acenou para ele, e ele veio em nossa direção junto com uma loira de cabelo comprido e corpo escultural.
- Mis! - Will me agarrou, dando-me um abraço de urso. - Quanto tempo, priminha!
- Will, eu não consigo respirar. - balbuciei, tentando buscar por ar.
- Está gatona, hein. - disse, sugurando em minha mão, fazendo-me dar uma voltinha. - Beleza é a herança dessa família. Nunca vi tanta gente linda em uma só.
Will e sua nada modéstia. Suas frases, como sempre, me fizeram corar.
- Missie, essa é minha namorada. Emily. - apresentou Will, agarrando a loira pela cintura.
- Oi. - cumprimentei, dando um sorriso tímido.
- Oi Missie. - ela sorriu simpática.
- Vamos dançar! - berrou Megan animada.
- Megan, - eu a puxei para sussurrar em seu ouvido. - eu não sei dançar.
Não fazia idéia do que eu estava fazendo naquele lugar. Realmente. Não devia ter saído de casa.
- Vou embora. Tchau.
- Que?
O som estava muito alto para que ela ouvisse direito. Aproveitei a situação e berrei que iria beber alguma coisa. Na verdade, estava pensando em sair de fininho. Sem que ninguém percebesse.
E estava quase conseguindo, quando senti uma mão grande segurar em meu braço. Me virei, encontrando com o idiota do Fred.
- Me solta! - gritei.
- Onde você pensa que está indo?
- Vou embora. - sibilei, tentando me soltar de seu aperto.
- Sozinha? Nem pensar.
Ele começou a me arrastar de volta para areia. Tentei me soltar, mas ele era mais forte do que eu.
- Desde quando você se preocupa?
- Falei para vó que ia te trazer e levar de volta. E é o que vou fazer.
- O priminho prestativo. - falei irônica, bufando. - Que coisa mais ridícula!
- Cala a boca, Missie.
Paralisei, fazendo-o virar abruptamente.
- Olha aqui, seu mongol. - comecei, apontando meu dedo indicador em seu peito. - Mande eu calar a boca mais uma vez e...
- E o que? - perguntou, soltando meu braço e cruzando os seus em frente ao peito.
- Eu... eu... Ahh, te odeio!
Dei meia volta e saí batendo o pé. Em menos de dez segundos, ele me alcançou, progetando-se na minha frente.
- Saiba que o sentimento é recíproco.
Revirei os olhos e tentei passar por ele. Suas mãos tocaram em minha cintura, fazendo-me parar.
- Não toque em mim! - berrei, batendo em suas mãos.
Ele respirou fundo e puxou meu corpo de encontro ao seu, deixando nossos rostos a milímetros de distâncias.
- Qual é o seu problema? - sibilou, me olhando fixamente.
- Você! - cuspi a palavra, irritada. - Você me irrita.

- Nossa, que maravilha! - disse sarcástico. - Olha minha cara de preocupado.
Ele fez cara de deboche. Contei até dez para não voar em cima dele e socar sua cara tão apreciada pelas garotinhas de San Francisco ou de qualquer lugar que ele fosse.
- Eu vou embora e você não vai fazer nada. - falei pausadamente, o olhando com desafio.
- Negativo. Você vai ficar aqui até a hora de eu ir embora. - ele me soltou de repente, fazendo com que eu cambaleasse para trás com a surpresa do ato.
- Ficou maluco?!
- Não ouse ir embora. Estarei de olho em você. - disse autoritário.
E deu as costas, me deixando indignada e a ponto de explodir de raiva a qualquer minuto.
Idiota! Insuportável! Ele não tinha idéia do quanto eu o odiava.
Saí andando à procura de um canto vazio – o que era praticamente impossível naquele lugar. A minha única saída foi me esconder para o lado das pedras, e mesmo assim havia um casal se amassando por perto. Sentei em uma pedra e deixei-me relaxar, olhando para o céu, enquanto ouvia a maresia do mar.
- Que dia, hein. - suspirei, enquanto deitava minha cabeça entre meus joelhos.
Abri meus olhos lentamente, sentindo a brisa do mar tocar de leve em meu rosto. Respirei profundamente, sentindo-me nostalgiada por lembranças de minha infância. Um tempo onde não haviam preocupações, onde não havia maldade...
Havia tantas coisas em que eu sentia falta. Sentia falta de San Francisco, da época em que Megan e eu costumávamos brincar de boneca quando éramos pequenas, das corridas de pega-pega entre Will e eu.
Das risadas espontâneas que saíam de meus lábios. Eram tempos mais felizes, sem dúvida.
- Missie, acorde! - ouvi uma voz masculina distante, bem distante.
- Estou curtindo o sol, não me pertube. - pedi, passando a mão pela areia morna.
- Você bebeu?
- Pegue a no colo. - disse uma outra voz. - E a leve para casa.
Oh, meu Deus! - pensei - Era só o que me faltava, ouvir vozes depois...
Um braço tocou em minhas costas, interrompendo meu pensamento. Outro tocou na parte de trás dos meus joelhos, me impulsonando a levantar. Eu queria ficar ali, mas não lutei contra aqueles braços, deixei-me ser carregada para aonde aquele ser de braços fortes me quisesse levar.
Um cheiro delicioso e inebriante invadiu minhas narinas e eu o envolvi pelo pescoço, inspirando profundamente.
- Não sei quem você é, mas seu cheiro é tão bom.
- Você bebeu, definitivamente!
- Estou com sono. - murmurei, sentindo todos os meus sentidos se apagando aos poucos.
- Durma bem, Missie.
Senti algo macio em minhas costas e deixei a inconsciência me dominar, me levando para longe de tudo e todos.

 

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